Participar das ações de sustentabilidade e criar projetos de preservação para outras áreas são iniciativas que geram grande visibilidade à carreira do CIO dentro e fora da companhia.
Empresas de todo o mundo estão, neste momento, investindo em ações de sustentabilidade e esta é uma excelente notícia para a carreira dos CIOs. Afinal, estar à frente de iniciativas ligadas ao meio ambiente pode render uma ótima visibilidade dentro e fora da companhia e a valorização do passe do executivo de TI. Soluções de impacto ambiental, dizem os especialistas, devem começar com um bom business case, que tenha como foco custos, benefícios e análise de riscos. Qualquer semelhança com projetos de TI não é mera coincidência. Por isso, além da preocupação natural de tornar a área de tecnologia mais verde, as grandes empresas esperam que seus CIOs contribuam mais com as outras áreas, para difundir a importância de investir em projetos ambientais. “Sustentabilidade, responsabilidade social e TI verde ganham cada vez mais destaque nas estratégias corporativas e os gestores de tecnologia devem ter em mente que isso é muito mais do que trocar equipamentos”, diz Eduardo Petit, sócio-diretor da Max Ambiental, especializada em iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável. Muitas vezes o CIO tem boas idéias para sugerir, mas não sabe por onde começar. “Um bom caminho é criar um projeto piloto que apresente os problemas e as soluções de maneira prática. Trazer cases de sucesso de outras organizações também conta pontos”, afirma Petit. Números e pesquisas comprovam a tendência e podem ajudar no convencimento do board. Um levantamento realizado pela consultoria IDC, por exemplo, mostra que 80% dos executivos brasileiros dizem que iniciativas de TI verde estão crescendo em importância nas suas organizações, e 43% ressaltam que, na hora de escolher um fornecedor, já prestam atenção nas suas ações de preservação ambiental. Há até bem pouco tempo, essa era uma questão distante, mas hoje as vantagens econômicas estão impulsionando os investimentos em sustentabilidade e meio abiente. “Os CIOs e demais diretores das empresas devem estar atentos para antever as oportunidades ligadas ao verde”, afirma Petit. Carlos Delpupo, diretor do Instituto Totum, consultoria especializada em projetos de sustentabilidade, afirma que quando um executivo de TI atua de forma consistente em ações de responsabilidade social e projetos ligados ao meio ambiente, sua empresa passa a ser percebida com mais valor pelo mercado e pela sociedade. “O papel do CIO deve ser o de entender onde as operações de sua companhia têm mais efeito no meio ambiente. Assim poderá contribuir para minimizar o impacto com inovações e tecnologia”, diz Delpupo. Um bom começo para o diretor de tecnologia que quer abraçar a causa da preservação é estudar o tema. Algumas instituições têm cursos específicos. A Fundação Dom Cabral, por exemplo, oferece o curso Gestão Responsável para a Sustentabilidade, destinado a empresários, diretores e gerentes que desejam incorporar o assunto em suas práticas de gestão. Os alunos aprendem a usar ferramentas gerenciais que ajudam, na prática, a empresa a ser ecologicamente responsável.
Bônus ambiental
Na indústria de alimentos Sadia, os investimentos em TI verde começaram em 2006, quando consolidou 200 servidores em 90 máquinas e virtualizou 5 mil desktops em modelos thin clients. A empresa utiliza papel reciclado nos multifuncionais e começou, em janeiro deste ano, a construir em Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros do Recife (Pernambuco), uma fábrica com emissão zero de carbono para o setor de carnes. Marcos Caldas, gerente de TI da Sadia, afirma que a nova unidade agroindustrial deverá ser um modelo no mercado, pois adota avançados processos de tecnologia voltados à questão da sustentabilidade e proteção ambiental. “Na Sadia, todas as vezes que apresento um projeto de tecnologia para a direção, preciso me preocupar com as ações sobre o meio ambiente e apresentar soluções para que não haja agressão. Sustentabilidade é um conceito que já está incorporado na nossa cultura”, diz Caldas. No laboratório Fleury, a diretora corporativa de TI, Teresa Sacchetta, tem diretrizes ligadas ao meio ambiente a cumprir, como a redução de energia e de consumo de papel. “Bater as metas de consumo controlado está diretamente ligado à participação nos lucros da companhia. Se uma equipe não alcança os objetivos de redução de energia ou consumo de papel, por exemplo, não recebe o prêmio”, afirma Teresa. A área de TI do Fleury ainda tem a responsabilidade de integrar suas iniciativas a outras áreas do laboratório. “Na maioria dos casos as ações ligadas ao meio ambiente são isoladas. No Fleury, qualquer projeto que seja ecologicamente responsável passa a ser uma regra para todos”, afirma Teresa. Com 21 unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, o laboratório fez a consolidação e a virtualização de seus servidores, trocou os monitores por telas de LCD, as impressoras por multifuncionais e agora estuda a implementação de terminais thin client nos postos de atendimento. “Temos um banco de idéias ligado a ações de sustentabilidade que analisa cada projeto e sua viabilidade técnica. A maior parte das sugestões vem do departamento de TI”, diz Teresa. Na indústria química Carbocloro, o gerente de TI José Carlos Padilha é quem dá suporte aos projetos relacionados ao meio ambiente. “O CIO não pode fazer de conta que não enxerga a importância das ações de sustentabilidade de sua empresa. É preciso acompanhá-las de perto”, afirma Padilha. A HP Brasil criou uma área específica para o desenvolvimento de estratégias ligadas ao meio ambiente. Kami Saidi, diretor de operações para o Mercosul e líder do Comitê Green Team da HP Brasil, diz que as organizações esperam de seus CIOs uma ação mais pró-ativa em relação à sustentabilidade. “Na HP, o CIO, que tem um grande poder de decisão, nos envia um projeto piloto com novas idéias. Analisamos a viabilidade e a implantamos”, diz Saidi. “Temos, no Brasil, autonomia para desenvolver ações próprias”, diz Saidi. Uma delas foi o Smart Shelf. Trata-se de uma máquina que vende cartuchos para impressoras da marca e recolhe o usado para reciclagem. A ação começou por São Paulo, mas a HP tem planos para instalar o equipamento em todo o país ainda neste ano, afirma Saidi.