Friday 9 February 2007

Robert Levering -sócio-fundador Great Place to Work Institute



O Brasil conta, há 11 anos, com uma subsidiária do Great Place to Work Institute, consultoria norte-americana voltada à avaliação de empresas segundo o ambiente de trabalho que oferecem a suas equipes. Na quinta-feira, 1o de fevereiro, o Baguete aproveitou uma passagem de Robert Levering, sócio-fundador da matriz norte-americana, pelo Brasil para conversar com o executivo.Abaixo, o resultado da entrevista: uma série de ponderações e dicas para quem estiver interessado em construir um literal Ótimo Lugar para Trabalhar. Segundo Lendering, os mais apressados podem começar se baseando em um tópico máximo - a confiança. Porém, para chegar lá de verdade... leia mais!
Baguete - No setor de TI, há muita rotatividade de cargos. Como é possível criar um ótimo ambiente de trabalho mesmo nestas condições?
Robert Levering - A TI é um grande campo de negócios, que está sempre criando oportunidades de expansão. Logo, há esta troca de empregados, esta rotatividade. Mas eu acho que o foco tem de ser sempre "um bom lugar para se trabalhar". Assim, o colaborador que sai tem de sair satisfeito com o lugar onde trabalhou, com o que recebeu da empresa e com o que deixou de contribuição para ela e para sua própria carreira. Já o funcionário que entra tem de vir confiante e encontrar na companhia o lugar que confiou ser realmente bom para si. E isso se constrói de muitas formas - respeitando, por exemplo, a cultura de cada mercado e, portanto, das pessoas de cada mercado onde se está inserido. A cultura, aliás, é um ponto importante. É preciso mudar a cultura de emprego que se tem hoje, é preciso entender que o bom lugar para trabalhar é aquele que contribui para o seu crescimento enquanto você está lá, e que continua fazendo isso, através da experiência angariada, depois que você sai, ou depois que você muda de cargo - porque a rotatividade nem sempre significa demissão, às vezes um empregado sobe de posto e sua antiga função é assumida por outro. O grande passo é que nisso tudo haja uma troca: o funcionário engrandece a empresa e a empresa engrandece o funcionário.
Baguete - Muitas vezes é preciso demitir. Como encarar esta situação e seguir sendo considerado um bom lugar para trabalhar?
Robert Levering - Bom, a idéia de que a pessoa foi demitida devido ao trabalho que realizou, a forma como realizou seu trabalho, é muito significativa. Nem sempre é assim, muitas vezes a demissão é necessária não por incompetência do funcionário, mas por sua inadequação à função para a qual foi designado, ou, ainda, por motivos maiores da empresa ou de si próprio. Porém, demitir - ou ser demitido - pode ser bom, pode ser um passo para crescer, para descobrir um verdadeiro rumo certo e desenvolver um trabalho satisfatório para as duas partes. Enfim, é preciso entender a demissão como a saída de um emprego, e não da carreira.
Baguete - O Great Place To Work Institute atua em cerca de 30 países. Que diferenças, na avaliação de ambientes de trabalho, vocês encontram entre as companhias de diversos lugares?
Robert Levering - Entre as companhias não há diferença, há diferença entre os países. São culturas diferentes, estilos diferentes de vida e, logo, de trabalho. Nas companhias, é praticamente sempre o mesmo, até porque nossa avaliação é muito "popular" - analisamos quesitos que são relevantes em qualquer organização. Em resumo, não há diferenças gritantes, mas o que posso dizer é que se nota uma diferenciação cultural, isto é, entre as pessoas que constroem as corporações de cada país. Isso, obviamente, cria ambientes de trabalho diferentes, mas que sob nosso escopo de avaliação são nivelados por suas características semelhantes.
Baguete - E como funciona este método de avaliação do Great Place to Work?
Robert Levering - Sou um dos fundadores da consultoria, que faz avaliações segundo um modelo baseado em confiança desde 1997. O que fazemos é desenvolver pesquisas e projetos no intuito de amparar empresas que pretendem melhorar seu ambiente de trabalho, obtendo melhor desempenho das equipes a partir disso. Nossa avaliação se baseia em cinco Dimensões: Credibilidade, Respeito, Imparcialidade, Orgulho e Camaradagem. Sob estes aspectos, disponibilizamos ferramentas de diagnóstico, além de realizar eventos como palestras e seminários.

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