Fazer de Proença-a-Nova um concelho onde se consuma mais dióxido de carbono do que aquele que é libertado para a atmosfera é o objectivo do projecto “Proença-a-Nova – Um Concelho Carbono Mais”. Um modelo de responsabilidade ambiental, pioneiro a nível nacional, com que a autarquia pretende dar o seu contributo para a redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa, uma preocupação crescente jundo da opinião pública. Uma forma não só de contribuir para a implementação de boas práticas de gestão e de valorização de recursos naturais, mas também de melhorar a eficiência energética, promovendo o aumento da produção de energia por métodos renováveis. "Este tipo de projecto é muito interessante porque vai para além daquilo que o Estado tem de fazer", refere à Beira TV Rui Nobre Gonçalves, Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas. "E estas medidas voluntárias podem ser muito importantes, porque para além de contribuírem para a redução dos gases com efeitos de estufa, podem também aumentar o rendimento da actividade florestal", acrescenta. "Os créditos de carbono são mais um fluxo económico para a floresta que é importante explorar, para além dos seus benefícios ambientais”. Depois da implementação no país do primeiro projecto europeu de Sumidouro de Carbono Florestal, surge agora esta iniciativa, coordenada pela Câmara Municipal de Proença-a-Nova, e que tem como parceiros a Federação dos Produtores Florestais de Portugal e a CO2e. Para já, segue-se um trabalho de sensibilização dos produtores florestais e de formação dos técnicos das associações do sector. "As associações têm, a partir de agora um exemplo em Proença-a-Nova, e vão ter uma equipa técnica para os apoiar e para começarem a fazer projectos e a dinamizar acções nesta questão, mas até agora ainda não foi feito nada porque não haviam mecanismos nem uma legalidade institucional para o fazer”, esclarece Américo Temporão Reis, presidente da Federação dos Produtores Florestais de Portugal. Para além da floresta, a filosofia do carbono social também será aplicada às zonas urbanas. Entretanto, outras autarquias e empresas portuguesas já manifestaram o seu interesse neste projecto, que no futuro pretende integrar o mercado voluntário mundial de CO2, razão pela qual a autarquia conta ainda com a colaboração de consultores e corretores que irão negociar em bolsa os créditos de carbono do concelho. No terreno serão monitorizadas as emissões de gases e analisados os consumos de energia bem como a gestão de resíduos do concelho. "No primeiro passo, vamos identificar todas as fontes de emissão de gases de efeito de estufa, depois todas as fontes de absorção desses gases. Vamos fazer um balanço entre aspectos positivos e negativos, e vamos identificar uma série de projectos que possam trazer benefícios para o concelho do ponte de vista de geração de créditos", adianta Divaldo Rezende, director da CO2e. "Vai ser uma gestão integrada e que precisa de um envolvimento muito forte de todas as pessoas do concelho”. As receitas que vierem a ser geradas pela retenção de carbono poderão então ser usadas na defesa da floresta contra incêndios. A desertificação e o abandono das terras são outras das razões para a quebra nos últimos anos no concelho daquela que foi até há pouco tempo a maior macha contínua de pinheiro bravo da Europa. Só em 2003 arderam quase 15 hectares de floresta em Proença-a-Nova. Outras espécies de vegetação autóctone, como a azinheira, o carvalho ou o castanheiro também estão a ser afectadas, ao contrário do eucalipto, que continua a aumentar a sua presença. Razões mais do que suficientes para que esta parceria público-privada se concentre na educação ambiental. "Para que isto seja sustentável no tempo, nós precisamos de continuar a ter floresta e que dê um concelho verde. Para isso é necessário implementarmos as acções que estão vertidas no Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios. No fundo, a nossa ideia é tentar vender no mercado voluntário do carbono alguns desses direitos para implementar essas mesmas acções que nos vão permitir proteger a floresta e tornar este projecto sustentável", conclui João Paulo Catarino, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova . "Tão importante como isso é a bandeira que nós em termos turísticos podemos ostentar a partir de agora, depois do estudo, que é a bandeira de um concelho limpo e verde, atento às questões ambientais”. Uma responsabilidade social em que a autarquia de Proença-a-Nova também quer dar o exemplo. Para já, as lâmpadas da iluminação pública estão a ser substituídas por modelos mais económicos. No futuro, os serviços da Câmara Municipal deverão ser concentrados nos novos paços de concelho, uma solução que permitirá reduzir os consumos de combustível.
Fonte: http://www.beiratv.pt/ECONOMIA.php?id=1172853160&subaction=showfull&template=default , consultado em 25Mar07
Para conhecer mais:
No comments:
Post a Comment